A quantidade de recém-formados em Direito que
conseguem um emprego na área nos EUA é a menor dos últimos 25 anos. O maior
escritório de advocacia dos EUA faliu em maio, e o diretor da Faculdade de
Direito de Columbia publicou uma carta aberta aos alunos alertando para as
dificuldades pós-diploma. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.
Os advogados americanos continuam a ter
superpoderes e muito glamour nos filmes de Hollywood, mas a profissão atravessa
uma das maiores crises de sua história no país. Na década passada, cerca de 85%
dos recém-formados conseguiam emprego na área. Em 2010, 68%. Da turma que se
formou em junho de 2011, apenas 55% acharam colocação até nove meses depois da
formatura.
A crise econômica iniciada em 2008 tem grande
responsabilidade no desempenho do setor, que já sofria com o inflacionamento de
bônus e salários de advogados após a fusão de grandes escritórios e com o
achatamento do salário inicial para os novatos.
Sob corte de gastos, grandes empresas
passaram a contar mais com seus próprios advogados ou a exigir valores cada vez
menores ao recorrer aos escritórios no mercado. Segundo pesquisa da
Universidade Northwestern, 15 mil empregos nos maiores escritórios de advocacia
desapareceram em quatro anos.
No final de maio, foi decretada a falência do
maior escritório americano, Dewey LeBoeuf, que tinha 1.400 advogados e uma
dívida de US$ 315 milhões. No ano passado, o escritório Howrey, de Washington,
com 500 advogados, também declarou falência.
Mas o número de recém-formados é de 43 mil
por ano. Em 20 anos, 26 novas faculdades de direito foram abertas. Cerca de 90%
desses recém-formados têm uma dívida de crédito estudantil acima de US$ 98 mil
(R$ 197 mil). O desemprego amplia a possibilidade de calote -nos EUA, o total
das dívidas com crédito estudantil chega a US$ 1 bilhão (R$ 2 bilhões).
"A faculdade de direito é muito
lucrativa porque, em vários casos, só depende de professor e giz, e formamos
muito mais gente do que nosso mercado de trabalho consegue absorver",
disse à Folha o professor William Henderson, da Universidade Indiana,
que fez um trabalho sobre a crise das faculdades com a American Bar
Association, a OAB local.
"O negócio jurídico ainda movimenta
quase US$ 400 bilhões neste país, mas ele não tem crescido, o que dificulta a
entrada dos mais jovens", explica. Mesmo na Universidade Columbia, uma das
melhores do país, o baque foi sentido. Na turma de 2011, 74% dos alunos do
segundo ano conseguiram estágio, contra 92% no ano anterior.
Em carta aberta aos alunos, o diretor do
curso de Direito de Columbia, David Schizer, diz que "nossos estudantes
estão encarando um mercado apertado como nunca antes".
Fonte: ConJur - Blog Bruno Azevedo
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