De acordo com Juan José Tamayo (El País de 05.04.12, p. 19), a primeira indignação de Jesus de Nazaré dirigiu-se contra a religião oficial e seus intérpretes, que privilegiam o cumprimento da lei em detrimento da vida e da liberdade, que incitam à vingança, em lugar do perdão. Não deveríamos nunca sacrificar uma vida humana para obedecer a um dogma religioso. Todo religioso deveria descumprir as normas correspondentes quando elas entram em conflito com a preservação da vida humana. Jesus Cristo ora e come com os pescadores e pecadores, prega que as prostitutas precedem os fariseus no reino de Deus e sinaliza que as práticas bem aventuradas valem muito mais que os dogmas. Jesus de Nazaré também foi um indignado contra os poderes religiosos assim como contra as autoridades respectivas, que não davam bons exemplos do que pregavam. Faça o que eu mando, mas não faça o que eu faço! Era pura hipocrisia (que significa aparentar uma crença ou um sentimento ou uma moralidade que não se corresponde com a prática). Entre a realidade e a aparência havia uma grande distância. Sabiam tais autoridades dizer, mas não davam exemplos na vida real. Quantas autoridades religiosas, para não falar dos políticos, ainda hoje continuam vivendo seus personagens moralizadores, que não têm nada a ver com a sua pessoa real? Quanta gente (hipócrita) existe que sabe discursar e pregar comportamentos para os outros, mas que não são nada do que falam quando cai a máscara do seu personagem? É muito fácil impor aos outros cargas legais (ou dogmas religiosos) que o opressor nunca vai cumprir. Jesus Cristo denunciou a falsidade desse tipo de discurso, a sua falta de coerência. Não aceita sua autoridade nem segue seus ensinamentos. Avante!
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